Resenha: DRACULA UNTOLD – Ramin Djawadi (Trilha Sonora)


Dracula_untold_CDMúsica composta por Ramin Djawadi
Selo: Back Lot Music
Catálogo: BLM0284
Lançamento: 07/10/2014
Cotação: ***

Drácula: A História Nunca Contada (Dracula Untold, 2014) é uma trilha que conta com uma orquestra de 77 músicos, um enorme coral e uma variedade de instrumentos étnicos, de forma a retratar, com melodias sombrias, a história do famoso conde vampiro, que, neste filme, ganha seus poderes para poder enfrentar uma invasão dos turcos. Parece empolgante, não é? Não quando o compositor responsável vem da infame Remote Control.

Brincadeiras à parte, o fato é que o músico Ramin Djawadi é um dos mais talentosos que surgiram na equipe de Hans Zimmer. Após um início de carreira turbulento, com seus scores para Homem de Ferro (Iron Man, 2008) e Fúria de Titãs (Clash of the Titans, 2010) sendo massacrados pela crítica, parece que o jovem compositor vem encontrando aos poucos seu estilo, principalmente por seu bom trabalho em Círculo de Fogo (Pacific Rim, 2013). Drácula – A História Nunca Contada pode não estar no nível da trilha do filme de Guillermo Del Toro, mas ainda garante uma audição razoavelmente divertida, que entretém por uma hora.

O personagem, no passado, já teve seus filmes musicados por compositores como James Bernard, em filmes da produtora Hammer, John Williams e Wojciech Kilar. Os dois últimos, no caso, entregaram partituras que se tornaram referenciais. O trabalho de Djawadi, obviamente, não está no nível dos de seus predecessores, embora ele tente emular Kilar – e é aí que o protegido de Zimmer falha miseravelmente. Seu tema principal, por exemplo, é uma cópia esquecível das melodias que o compositor polonês criou para Drácula de Bram Stoker (Bram Stoker’s Dracula, 1992). Apesar disso seu tema é relativamente eficiente, tanto que consegue ambientar o ouvinte na sombria história do personagem (que aqui é retratado mais como anti-herói do que como vilão).

A primeira faixa, Prologue, introduz esse tema, inicialmente sussurrado pelo coro, depois interpretado por um violino agudo, até ser incorporado por baixos e ganhar mais intensidade com um coral masculino. Ele é composto por padrões de acordes descendentes, que possui um sabor do leste-europeu, digno da Transilvânia, ou seja, uma melodia sinistra. O tema retornará no violino solo, com fundo eletrônico, em Broken Tooth, até reaparecer de maneira ameaçadora com orquestra e coral ao fim da faixa. Sua melhor aparição, porém, se dará em This Life and the Next, onde ele é apresentado de forma empolgante e operática com toda a orquestra e o coral.

O melhor desta trilha está nas faixas de ação, onde Djawadi utiliza sua orquestra e o coro em melodias secas, repletas de uma energia crua. Entre os destaques temos Janissary Attack, na qual o ponto alto é a percussão, que lembra os trabalhos mais recentes de Zimmer, além de Hand O’ Bats, Part 1. Esta inicia repleta de expectativa, até o aparecimento de um ótimo, porém curto, trecho com cordas e coral executando acordes ascendentes, como se fosse algo levantando voo. Assim, é uma pena que a segunda parte não seja tão empolgante quanto a primeira. Porém, Djawadi compensa com a brutal The Brood, que inicia com piano e percussão, até incorporar a orquestra e o coral, numa melodia de poucas notas, enérgica e violenta. Vlad vs. 1000 é também outra boa faixa, apesar de ser menos agressiva que as outras.

Entretanto, se o compositor se sai bem com as faixas de ação, ele não faz um trabalho tão bom com os momentos mais dramáticos. Em cues como Mirena, Eternal Love, a primeira parte de This Life and the Next e Lord Impaler, suas melodias, sem a sensibilidade de Kilar, parecem momentos genéricos de seus scores para a série Game of Thrones, com a única diferença estando no uso de voz feminina. Em Sultan Mehmed ele ao menos inova com o uso de instrumentação e melodias típicas árabes, enquanto em Three Days há um interessante clima de expectativa.

Ao final do álbum, entretanto, ele se corrige com ao menos alguns bons momentos dramáticos, como o final de The Silver Tent, a bela I Will Come Again (que lembra um pouco o finale de James Newton Howard para O Último Mestre do Ar), e o encerramento do disco, em Epilogue, que ainda inclui uma última performance do tema principal.

Assim, Drácula: A História Nunca Contada, é um score que, apesar de não ser tão eficiente quanto poderia, ainda possui bons momentos que garantem o interesse. Porém, se você quiser algo com mais estofo, procure a trilha (e o próprio filme, aliás) de Drácula de Bram Stoker.

Faixas:

1. Prlogue (02:26)
2. Dracula UNtold (02:13)
3. Mirena (02:40)
4. Sultan Mehmed (02:46)
5. The Handover (02:27)
6. Eternal Love (02:28)
7. Janissary Attack (02:17)
8. Broken Tooth (05:31)
9. Hand O’ Bats, Pt. 1 (02:43)
10. Hand O’ Bats, Pt. 2 (02:14)
11. This Life and the Next (03:10)
12. Son of the Dragon (02:20)
13. The Brood (02:20)
14. Three Days (01:41)
15. Son of the Devil (04:26)
16. Son of the Devil (03:45)
17. Vlad vs. 1000 (01:50)
18. The Silver Tent (04:45)
19. Will Come Again (04:45)
20. Epilogue (03:19)

Duração: 60:06

Tiago Rangel

3 comentários sobre “Resenha: DRACULA UNTOLD – Ramin Djawadi (Trilha Sonora)

  1. Para quem fez a ótima trilha de Pacific Rim, o Djawadi entregou aqui trabalho bem nhé. E segundo o IMDB, ele fará a a trilha da vindoura adaptação do game World of Warcraft, que estreia em 2016.

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