Resenha: ABISMO DO MEDO (Blu-ray)


Produção: 2006
Duração: 99 min.
Direção: Neil Marshall
Elenco: Shauna Macdonald, Natalie Jackson Mendoza, Alex Reid, Saskia Mulder, MyAnna Buring, Nora-Jane Noone, Oliver Milburn, Molly Kayll
Vídeo: Widescreen Anamórfico 2.35:1 (1080p/AVC MPEG-4)
Áudio: Inglês (PCM 6.1), Português (Dolby Digital 2.0)
Legendas: Português, Inglês
Região: A, B, C
Distribuidora: California
Discos: 1
Lançamento: 15/12/2009
Cotações: Som: ***** Imagem: ****½ Filme: **** Extras & Menus: * Geral: ***½

SINOPSE
Numa viagem dedicada ao esporte e aventura, seis garotas ficam presas em uma caverna depois que uma rocha se desprendeu e bloqueou a saída. Enquanto buscam uma forma de escapar, elas se veem perseguidas por estranhas presenças que habitam a escuridão. A tensão causada pela situação que enfrentam faz renascer antigas diferenças entre as mulheres, colocando uma amiga contra a outra.

COMENTÁRIOS
ABISMO DO MEDO (THE DESCENT, 2006) é um filme contraindicado para quem tem problema de claustrofobia, mas recomendado a todos que querem ver um ótimo filme. A direção é do inglês Neil Marshall, que já havia renovado o subgênero “filme de lobisomem” com o eficiente DOG SOLDIERS – CÃES DE CAÇA (2002), e que com ABISMO DO MEDO passou imediatamente à categoria de mestre do gênero. O melhor é ver o filme sabendo o menos possível sobre a trama, para que as surpresas e os sustos funcionem com força total. O fato de ABISMO DO MEDO ser totalmente estrelado por mulheres dá um sabor especial ao filme, principalmente por causa do fator ‘fragilidade’.

Na trama, um grupo de seis mulheres vai a um passeio um pouco incomum: explorar uma caverna nas Montanhas Apalaches nos Estados Unidos. Só depois que elas ficam presas, após um soterramento, é que uma delas avisa que o local era inexplorado, para desespero do grupo. Como se não bastasse o horror de se sentir enterrado vivo naquele lugar, há perigos ainda mais assustadores à espreita. ABISMO DO MEDO já se assume como filme de horror no prólogo, que mostra o acidente violento que mata o marido e a filha de uma delas, e quando as seis partem em seus carros para a aventura, a câmera vista do alto e a trilha sonora em tom de mistério já prenunciam que algo de perturbador está prestes a acontecer.

Até aí nada de original. Quase todos os filmes de horror que lidam com viagens a lugares estranhos são assim. Mas o que diferencia ABISMO DO MEDO do grosso do gênero é a competência do diretor em criar um clima tenso e realmente assustador. Quando as criaturas que habitam a caverna surgem, emitindo assustadores guinchos parecidos com os de um porco, o diretor usa a escuridão para disfarçar qualquer possível imperfeição nos efeitos. De qualquer maneira o que vemos é mais do que convincente, e é impossível distinguir o que é CGI e o que é efeito de maquiagem. Mas o maior destaque é mesmo o final, que eu não vou contar aqui, claro, mas que fecha com chave de ouro esse belo filme.

SOBRE O BD
ABISMO DO MEDO é mais uma daquelas pérolas distribuídas no Brasil por uma independente, no caso a California. Não que as majors não aprontem das suas, mas isso muitas vezes significa, em termos de DVD e Blu-ray, produtos desleixados ou tecnicamente falhos. Pelo menos neste último quesito, que abrange a qualidade de vídeo e som, a California não comprometeu, utilizando a mesma transferência anamórfica 1080p/AVC MPEG-4 do Blu-ray norte-americano da Lionsgate, que preserva a proporção original de tela 2.35:1. Na época em que foi lançado nos EUA (início de 2007), o Blu-ray ainda engatinhava e este era um dos títulos que podia ser considerado como de referência. Hoje, passados mais de três anos, isto pode não mais ser uma verdade, no entanto o filme ainda possui uma apresentação em alta definição que, se não está imune a pequenas falhas, pode ser qualificada como exuberante. Isso deve ser bem valorizado, tendo em vista a complicada ambientação do filme, que se passa a maior parte do tempo em cavernas escuras. Numa situação assim a consistência da cor preta é essencial, assim como é vital a ausência de sujeiras, pontos brancos ou ruídos que possam ser realçados pelo fundo escuro. E nessas cenas, a transferência digital de ABISMO DO MEDO é simplesmente impecável.

Quando a escuridão das cavernas é quebrada pela luz das lanternas ou tochas o contraste é excelente e as cores, no momento que surgem, são fortes e estáveis. A imagem captada pelo diretor é limpa, extremamente nítida, com uma ótima dimensionalidade. O efeito final é muito realista, fazendo com que nos sintamos encurralados e presos juntamente com as personagens, à mercê das criaturas que poderão saltar da escuridão a qualquer momento. O nível de detalhes é elevado, com as texturas sendo reproduzidas à perfeição. As cenas externas na floresta, à luz do dia, me agradaram menos. Elas também são muito boas, com cores naturais e vivas, porém tendendo mais para o azul – e o azul do céu não tem a mesma estabilidade notada nas demais cores. Além disso foi nessas sequências onde notei alguma granulação, quando seria de se esperar que ela aparecesse nas cenas escuras. Mas não é nada que comprometa uma ótima apresentação visual, isenta de filtros como DNR e edge enhancement.

Se no que se refere à imagem o BD de ABISMO DO MEDO impressiona, melhor ainda é a excelente faixa lossless em inglês PCM 6.1, que adiciona o elemento final para que você realmente sinta-se cercado, nas trevas, por criaturas de pesadelo. A mixagem surround é absolutamente perfeita, com ruídos sutis, e outros por vezes nem tanto, envolvendo – e assustando – o espectador. E nas explosões sonoras que, normalmente em um filme desses, sucedem a momentos de silêncio, os graves são simplesmente esmagadores. O filme por si é muito bom, mas indiscutivelmente torna-se ainda melhor e divertido graças ao seu caprichado sound design, reproduzido por esta faixa não comprimida que ainda hoje está em pé de igualdade com as dos mais recentes lançamentos. O detalhe é que, por ter sido utilizado aqui um BD de camada simples (25Gb), não houve espaço suficiente para incluir outra opção de áudio multicanal para quem ainda não possui um receiver que decodifique som HD. Portanto os possuidores de equipamentos mais antigos terão de se contentar com o áudio em inglês reduzido a dois canais. Já a muito inferior dublagem em português 2.0 serve apenas para contentar os que fazem questão dessa opção. As legendas, brancas estão disponíveis em português e inglês, e os únicos menus existentes são pop up em português, acessados já durante a reprodução, ao final da qual o filme reinicia.

EXTRAS
Esqueça o farto material adicional do Blu-ray norte-americano de O ABISMO DO MEDO, que consta de comentários de áudio, faixa PIP, making of, entrevista com o diretor, comparação de storyboards, etc. Nosso BD nacional traz como único extra um trailer de cinema, que apesar de ter qualidade um pouco inferior à do filme pelo menos está com imagem HD e som multicanal.

Ailton Monteiro – Filme
Jorge Saldanha – Blu-ray

5 comentários sobre “Resenha: ABISMO DO MEDO (Blu-ray)

  1. Olá Jorge, parabéns pela resenha, ficou ótima, como sempre!! Gostaria apenas de tirar uma dúvida sobre a questão do aúdio desta versão nacional. Você informa na sua resenha que “O detalhe é que no BD não há outra opção de áudio multicanal”, somente a faixa lossless em inglês PCM 6.1. Eu pesquisei em outros reviews (sites americanos) e vi a informação de opções de aúdio English Dolby Digital 5.1 EX. Segue alguns links:
    http://www.blu-ray.com/movies/The-Descent-Blu-ray/174/
    http://www.dvdreview.com/reviews/pages/2530.shtml
    Gostaria muito da sua confirmação se há a opção de som DD 5.1 no BD nacional, ou se somente na importada, pois o meu HT é antigo e ficaria extremamente chateado em ter que assistir a este filme em dois canais. Grande abraço!

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    • Olá Eduardo, obrigado pelos elogios. Bem, como constou na resenha, o BD nacional de Abismo do Medo possui apenas áudio original PCM 6.1, o que significa que seu receiver o decodificará apenas como estéreo comum, 2.0. De fato é uma falha, típica dessas distribuidoras independentes. Como eles usaram um BD 25Gb (camada simples), não houve espaço disponível para a inclusão de outra faixa multicanal sem que houvesse perda de qualidade. O BD norte-americano da Lionsgate usa um BD 50Gb, o suficiente para acomodar todas as opções de áudio e extras.

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      • Jorge, muito obrigado pelo esclarecimento! Me salvou de uma grande decepção! É uma pena que a versão nacional deste filme tenha sido “mutilada”. Essa lógica dessas distribuidoras é algo que não conisgo entender. De qualquer forma, passarei longe dessa versão, pois não irei trocar de HT tão cedo. Grande abraço!

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        • De nada. O interessante é que, se você ler minha resenha do BD de Outlander, verá que a Imagem fez o oposto – na impossibilidade de colocar uma faixa lossless e uma lossy multicanal, optou por esta última. Tudo em nome da redução de custos de fabricação, lamentável.

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  2. Consta na internet que as normas de uma resenha não vale para dentro de uma sala de aula. Verdade ?

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