Resenha de Série: STAR TREK: DISCOVERY – Episódio “Will You Take My Hand”


Star Trek: Discovery Episode 1×15 – “Will You Take My Hand” (2018)
Elenco: Sonequa Martin-Green, Doug Jones, Anthony Rapp, Michelle Yeoh, Mary Wiseman, Shazad Latif, James Frain, Jayne Brook, Mary Chieffo, Mia Kirshner, Clint Howard
Roteiro: Akiva Goldsman, Gretchen Berg, Aaron Harberts
Direção: Akiva Goldsman
Cotação:

ATENÇÃO: caso você ainda não tenha assistido ao décimo quinto episódio da primeira temporada de Star Trek: Discovery, o texto a seguir contém Spoilers.

Morno e anti-climático seriam bons adjetivos para qualificar este episódio final da primeira temporada de Star Trek: Discovery, escrito pelos produtores executivos Gretchen Berg, Aaron Harberts e Akiva Goldsman – sendo que este também o dirigiu. Ele poderá decepcionar quem esperava um confronto explosivo no mundo natal klingon, porém o problema maior não foi a solução relativamente pacífica descoberta por Burnham (Sonequa Martin-Green) para acabar com a guerra, mas, a exemplo do que já vimos em ocasiões anteriores na série, o simplismo da situação é que incomoda mais.

A trama se passa na maior parte do tempo em Qo’nos, para onde a Discovery consegue saltar com sucesso graças ao motor de esporos, materializando-se em uma das enormes cavernas subterrâneas do planeta. Um grupo avançado, liderado pela ex-imperatriz terráquea Georgiou (Michelle Yeoh), passando-se pela sua falecida versão da Federação e também integrado por Burnham, Tyler (Shazad Latif) e Tilly (Mary Wiseman), tem por missão encontrar a abertura necessária para introduzir o drone que fará o mapeamento dos sistemas defensivos de Qo’nos.

Descobrimos que em Qo’nos existe uma área cedida pelos klingons aos órions, a conhecida raça de mercadores de escravos da franquia. Estranhamente, além de klingons e órions também lá vivem humanos, o que é meio que inexplicável tendo em vista a guerra travada contra a Federação. O grupo se divide em busca da localização da abertura para o interior do planeta. Tyler usa a memória de Voq para entrar em um jogo de klingons, Tilly, que está com o drone, fica “chapada”, e Georgiou vai para a melhor fonte de informações do lugar – o bordel, onde ela faz questão de provar dos prazeres locais. Eventualmente eles descobrem que a abertura está no abandonado Santuário de Molor.

Tilly abre por acidente a maleta do drone e descobre que ele foi substituído por uma bomba que, detonada no interior do planeta, provocará uma cataclísmica reação em cadeia nos vulcões espalhados pela superfície. Logo em seguida Georgiou toma de Tilly a maleta e nocauteia a Cadete. Ao saber do acontecido Burnham contata a Almirante Cornwell (Jayne Brook), que confirma que o genocídio fazia parte do plano de Georgiou e a Federação com ele concordara. Chocada pelo ato que contraria os ideais da Federação, Burnham convence Cornwell a tentar um plano alternativo.

No templo, Georgiou lança o drone-bomba pela abertura e se prepara para detoná-lo, mas é impedida pela chegada de Burnham, que lhe faz uma contraproposta – a Federação garantirá sua liberdade, mesmo que a bomba não seja ativada. Após um embate verbal onde Burnham se mostra disposta a morrer para evitar a destruição de Qo’nos, Georgiou entrega o detonador a Burnham e dela se despede, de uma forma que indica que são grandes as chances de revê-la futuramente.

Dando seguimento ao seu plano alternativo, Burnham entrega o detonador a L’Rell (Mary Chieffo), para que ela force as desunidas casas klingons a aceitarem-na como líder suprema e a cessarem as hostilidades contra a Federação. E assim foi dito e foi feito: com um discurso de um minuto e mostrando aos chefes das castas o detonador, L’Rell torna-se a grande líder klingon e termina com a desunião interna e com a guerra. Tudo ok, se alguém (o espectador, principalmente) possa acreditar que L’Rell estaria disposta a destruir seu mundo e sua raça em prol da unificação e do fim dos ataques à Federação. Ou de que nenhum klingon seria capaz de dar um tiro de disruptor em sua cabeça antes que ela acionasse o detonador…

Tyler se despede de Burnham e parte com L’Rell, disposto a lutar pela unificação de Qo’nos e, ao mesmo tempo, garantir a paz com a Federação. Eles se beijam, e Burnham diz que agora não mais vê nele os olhos de Voq, apenas os de Tyler. Já na Terra, Burnham é recebida por seus pais adotivos, Sarek (James Frain) e Amanda (Mia Kirshner). Na sede da Federação, a tripulação da Discovery é homenageada: Saru (Doug Jones), Stamets (Anthony Rapp) e Culber (postumamente) ganham medalhas, Tilly é admitida no Treinamento de Comando da Frota Estelar, e Burnham, após um eloquente discurso sobre os melhores valores da Federação e a intenção de continuar a buscar novos mundos e novas civilizações, é anistiada e designada para o posto de Oficial de Ciências da Uss Discovery.

Rumo ao planeta Vulcano para levar o Embaixador Sarek e trazer o novo Capitão (um vulcano? um humano que lá estava a serviço?), Stamets comenta que a tecnologia do motor de esporos somente voltará a ser usada depois que for descoberta uma maneira de eliminar sua interface humana – o que, como sabemos, nunca aconteceu. Na ponte, a Discovery recebe uma pedido de socorro de outra nave da Frota Estelar – nada menos que a Uss Enterprise, então comandada pelo Capitão Christopher Pike. Burnham e Sarek trocam olhares de espanto, e a razão é óbvia – o Primeiro Oficial da Enterprise é o célebre Spock, filho de Sarek e meio-irmão de Burnham. As duas naves se encontram frente a frente, como vemos na foto acima, e iniciam os créditos finais, onde a música de Jeff Russo é substituída pelo clássico tema da Série Original, composto por Alexander Courage.

Considero que, mesmo com as soluções apressadas dos roteiros, o saldo final da primeira temporada de Discovery foi positivo. Pode-se argumentar que ela pecou por ser, em determinados momentos e arcos, demasiadamente politicamente correta, com mulheres (humanas ou klingon) em posição de protagonismo ou decisivas para os rumos da história (manos, conformem-se: os homens são coadjuvantes aqui), o primeiro casal gay da franquia e um personagem masculino colocado em situações de abuso, sofrimento e rejeição tradicionalmente reservadas ao ex-sexo frágil. É inegável que todas as séries da franquia refletiram a realidade da sociedade na época em que foram produzidas, e isso não é diferente em Discovery. Particularmente, entendo que a série mais brilhou no excelente arco do Universo Espelho e exatamente nos pontos em que ela desafiou padrões estabelecidos, começando por adotar um novo e moderno padrão visual para a época em que se desenrola, e por introduzir um Capitão da Frota capaz de atitudes moralmente questionáveis (mesmo que, no fim, ele fosse um vilão do Universo Espelho).

Para muitos fãs, estes méritos ou características são exatamente o que os levam a rejeitar a série. Mas para eles, um consolo: tudo isso foi encerrado, e depois do discurso edificante de Burnham e das referências à Série Original no episódio (a participação de Clint Howard, que ainda criança interpretou o alienígena Balok no episódio “The Corbomite Maneuver”) e a aparição da própria Uss Enterprise (que combina o design clássico com o visual refit dos primeiros filmes e sua aparência nos longas da Kelvin Timeline), podemos esperar uma nova temporada muito mais tradicional em termos de Star Trek. Para o bem ou para o mal.

Deixe seu comentário abaixo, dizendo o que achou deste episódio, e até a segunda temporada, que pelo que sabemos estreará apenas ano que vem.

Jorge Saldanha

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