Resenha de Trilha Sonora: MAD MAX – FURY ROAD (EXPANDED) – Junkie XL


mad_max_fury_road_CDMúsica composta por Tom Holkenborg  (Junkie XL)
Selo: WaterTower Records
Catálogo: WTM39642
Lançamento: 12/05/2015
Cotaçãostar_3_5

Trinta anos depois de seu último filme, a franquia Mad Max retorna aos cinemas com Mad Max: Estrada da Fúria (Mad Max: Fury Road, 2015), trazendo novas caras (Charlize Theron, Tom Hardy no papel consagrado por Mel Gibson nos longas anteriores) e o criador da saga, George Miller, novamente no comando do longa, em seu primeiro filme não estrelado por pinguins ou porquinhos falantes em quase vinte anos. Neste violento e altamente energético filme, o famoso anti-herói “Mad” Max Rockatansky se vê envolvido em meio a uma caótica perseguição, quando a guerreira Imperatriz Furiosa (o papel de Theron) tenta resgatar cinco noivas do tirânico Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne, que também interpretou o vilão do original). Assim, o longa basicamente se resume a esta caçada pelo deserto, com longas e brutais perseguições filmadas com gosto por Miller e pelo diretor de fotografia John Seale.

O filme enfrentou um longo período de gestação, que começou em 2003, quando Gibson ainda estava contratado para estrelá-lo. Porém, incidentes, tempestades, problemas de escalação do elenco e o comportamento errático do astro principal fizeram com que o filme atrasasse diversas vezes, chegando aos cinemas apenas no último final de semana, inclusive no Brasil. Por sorte, todo esse atraso compensou, e o filme já recebeu excelentes críticas da imprensa, com muitos dizendo que é um dos melhores do ano – um feito incrível para um filme de ação cujo orçamento foi de mais de 150 milhões de dólares.

Por ter tido um período de gestação tão longo, vários compositores estiveram envolvidos no projeto, em diferentes momentos do seu processo de produção. Seguindo sua bem sucedida colaboração com Miller na oscarizada animação ecológica Happy Feet: O Pinguim (Happy Feet, 2006), John Powell foi o primeiro compositor a ser escalado para trabalhar no longa. Mais tarde, Marco Beltrami chegou a se envolver com a produção. Porém, depois de ouvir seu trabalho em 300: A Ascensão do Império (300: Rise of An Empire, 2014), Miller decidiu que queria o ocupado Tom Holkenborg, mais conhecido pela alcunha de Junkie XL, para trabalhar em seu longa (o fato de que ambos os filmes são da Warner Bros. deve ter ajudado bastante também).

Os dois primeiros longas da franquia tiveram scores orquestrais compostos por Brian May (não confundir com o guitarrista homônimo da banda Queen), fortemente inspirados nos trabalhos de Bernard Herrmann – e, espelhando os próprios longas, a trilha do segundo é superior à do primeiro. Já o terceiro, Mad Max: Além da Cúpula do Trovão (Mad Max: Beyond Thunderdome, 1985) teve sua trilha sob a responsabilidade do grande Maurice Jarre, titã da Música de Cinema e especialista em filmes passados no deserto. Porém, de um modo geral, a parte musical da franquia sempre foi mais lembrada pela canção de Tina Turner para a terceira parte.

O estilo ultramoderno de Holkenborg, porém, não poderia ser mais diferente do de seus predecessores. Enquanto a abordagem de May e Jarre era basicamente orquestral, a do DJ-transformado-em-compositor repete todos os padrões que viemos a escutar em outros trabalhos seus, como o próprio A Ascensão do Império, Divergente (Divergent, 2014), Noite Sem Fim (Run All Night, 2015) e O Homem de Aço (Man of Steel, 2013), no qual ele foi um dos muitos compositores que contribuiu com música adicional (às vezes, eu imagino uma conspiração, no qual “Hans Zimmer”, na verdade, não é uma pessoa só, mas sim um codinome para um grupo enorme de músicos que compõem trilhas de cinema, mas divago). Ou seja, prepare-se para ouvir (de novo) muita percussão, cordas frenéticas, o temível horn of doom (“trompas da perdição”), guitarras e sintetizadores.

E, mesmo assim, Holkenborg consegue dar uma nova cara ao som já característico e deixá-lo ainda mais furioso, brutal, energético, cruel e insano, como o próprio filme que o acompanha. Não é como se ele estivesse inovando ou fugindo de suas “marcas registradas”, mas sim elevando-as à enésima potência – o que faz total sentido, considerando a ação violenta e incessante do longa. É quase como se Holkenborg estivesse mostrando um dedo do meio a todos os seus críticos, pois aqueles que não gostaram de seus trabalhos anteriores, certamente terão muitas dores de cabeça. Quem se arriscar a embarcar nessa louca jornada com o holandês, pode se preparar para ser sacudido da cabeça aos pés com tanta violência e brutalidade musical – além de um surpreendente e bem vindo conteúdo emocional, adicionando alguma humanidade ao insano mundo pós-apocalíptico de Miller.

A primeira faixa do disco é Survive, que já estabelece o clima sombrio do longa, com um motivo de duas notas nos baixos em meio a texturas ameaçadoras de cordas e sintetizadores. Escape, na sequência, é o primeiro cue de ação, que introduz um motivo enérgico que irá acompanhar praticamente todas as faixas desse tipo no disco, no caso, um caótico ostinato descendente para cordas, que aqui é acompanhado por guitarras distorcidas e percussão, dando uma ambientação disforme e quase de pesadelo à música.

Em seguida, Immortan’s Citadel apresenta dois novos temas, em seus quase nove minutos de duração. O primeiro deles é um tema sombrio, em crescendo de cordas, coral (aparentemente sintetizado) e trompas, dedicado ao vilão Immortan Joe. Ele lembra um pouco um dos temas de Holkenborg para sua trilha de 300: A Ascensão do Império. Após uma passagem para atmosféricos sintetizadores, o segundo tema da faixa é mais emocional, consistindo numa grandiosa melodia para toda a orquestra que, ao invés de estar associada a um personagem em específico, está mais relacionada ao conteúdo quase religioso do longa e os momentos de superação dos personagens durante o conflito. Ele tem muito a ver com os power anthems (“hinos de poder”), aquelas épicas melodias, geralmente para metais, muito populares nas trilhas de Zimmer depois de Maré Vermelha (Crimson Tide, 1995), e encontrada depois em scores tão diversos quanto O Pacificador (The Peacemaker, 1997), Gladiador (Gladiator, 2000), O Último Samurai (The Last Samurai, 2003), Rei Arthur (King Arthur, 2004) e nas séries Piratas do Caribe (Pirates of the Caribbean) e Transformers (idem) – este último de Steve Jablonsky, mas, claro, fortemente influenciado por seu mestre. Uma das principais críticas dirigidas a Zimmer no período era que seus power anthems podiam se adaptar a qualquer filme, ao invés de dar a eles uma linguagem musical individual. Agora, além de acompanharem os feitos de marinheiros amotinados, gladiadores na Roma Antiga, samurais, o Batman, piratas e robôs gigantes do espaço, eles também se adaptam ao desértico mundo pós-apocalíptico de Mad Max – não que eu esteja reclamando, honestamente, prefiro os power anthems de Zimmer e seus discípulos na Remote Control do que a chatice que se tornou a maioria de suas trilhas nos últimos anos.

Em seguida, Blood Bag é outra brutal peça de música, com muita percussão, aparições do tema de Immortan Joe na orquestra e uma guitarra quase em estilo heavy metal, que é totalmente coerente aqui. Afinal, dentre os insanos e criativos carros do exército que o vilão envia para capturar Furiosa, um chama particularmente a atenção, por ser um caminhão levando toda uma banda de percussionistas e um guitarrista alucinado. Segundo o encarte do álbum, Holkenborg, um multi-instrumentista, tocou toda a percussão, guitarras, baixos e sintetizadores da trilha (com guitarras adicionais de Nick Zinner), o que é bem impressionante. Buzzards Arrive, que vem na sequência, continua no mesmo estilo, com percussão ainda mais violenta. Spikey Cars traz o retorno do ostinato de ação, aqui numa versão ainda mais brutal, acompanhado por vários instrumentos de percussão, incluindo tímpanos, e o tema de Immortan numa rápida aparição. Já Storm is Coming começa com a percussão e o horn of doom, numa melodia que lembra o tema de Zod da trilha de O Homem de Aço. O ostinato de ação reaparece, numa versão com o tempo mais lento, porém ainda mais caótico. Ao final, o power anthem aparece numa épica interpretação para trompas, coro e cordas, seguido por uma enérgica e hipnotizante passagem para violinos, percussão e metais.

We Are Not Things, na sequência, serve como um breve interlúdio para tanta violência, com uma passagem emocional e dramática para cordas. Porém, as coisas voltam ao estilo mais abrasivo de antes em Water, que traz coisas como algo que parece um barulho de uma mangueira vazando e outro que lembra um rugido de animal selvagem ou o ronco de um motor (não sei dizer ao certo), além do motivo de duas notas nos baixos do início do disco. Mais para a frente, uma melodia de ação conduzida apenas por percussão. The Rig se inicia da mesma forma que a primeira faixa, com o motivo nos baixos, em meio a um clima ameaçador e sinistro, com orquestra e sintetizador, ocupando praticamente metade da faixa (que dura mais de seis minutos). Ao final, uma passagem cheia de suspense e perigo, na qual o horn of doom e a percussão tem destaque. Esse motivo também tem destaque em Into the Canyon, uma faixa tensa, conduzida basicamente por sintetizador, que serve como a calmaria antes de mais ação.

Brothers in Arms retoma toda a violência, com o ostinato nas cordas, acompanhado de percussão e guitarras distorcidas. Ela também introduz um novo motivo de ação, primeiramente de forma eletrônica e depois nos baixos e cellos, fazendo contraponto com uma versão mais dramática e tensa do ostinato de ação, a cargo dos violinos. The Chase continua o setpiece, com cordas, percussão e, na marca de 0:27, um elemento importado diretamente de seu score de Noite sem Fim: algo que lembra um barulho de trovão. No meu texto sobre aquela trilha, já havia comentado o quanto tinha achado a inclusão desse som estranha, e aqui faz ainda menos sentido. Porém, conforme a faixa segue, ela traz o power anthem de volta, numa dramática interpretação de horn of doom e cordas, seguido por uma tensa e brutal melodia para toda a orquestra e percussão, inclusive com a mesma passagem caótica para violinos da sétima faixa, culminando num final abstrato e sinistro para eletrônicos e percussão. Moving On, na sequência, apresenta uma melodia triste e melancólica para cordas, inclusive com a aparição de um oboé – sim, é isso mesmo o que você leu, uma trilha de alguém da RC que usa madeiras na orquestração, algo que acontece muito raramente.

O disco prossegue com The Bog, a mais longa do álbum, com mais de doze minutos de duração. Surpreendentemente, Holkenborg consegue manter a tensão ao longo de todo esse tempo, contando, para isso, com a orquestra, percussão, eletrônicos, o retorno da guitarra ensandecida, do tema de Immortan e do ostinato de ação. Redemption, por outro lado, é uma faixa mais melancólica e triste, conduzida principalmente por cello, cordas e madeiras (o mundo está de cabeça para baixo mesmo). Many Mothers, por sua vez, é o melhor cue de drama da trilha, apresentando um belo tema para cordas, para as noivas em fuga. Holkenborg, aparentemente, se inspirou em Ennio Morricone em sua composição, e sua melodia aqui é reminiscente de clássicos como Era Uma Vez na América (Once Upon a Time in America, 1984) e Cinema Paradiso (Nuovo Cinema Paradiso, 1988). Em seus longos oito minutos de duração, há passagens repletas de drama, e inclusive uma aparição de um duduk – afinal, um filme passado no deserto não pode deixar de ficar sem a aparição desse instrumento do Oriente Médio.

Porém, The Return to Nowhere é mais tensa, com cordas, sintetizadores e a introdução de um novo motivo: um ostinato, trazido por Holkenborg diretamente da faixa Dauntless Attack, de sua trilha de Divergente (e que inclusive apareceu na minha lista das melhores scoretracks de 2014). Enfim, essa faixa serve apenas como uma introdução para o brutal e alucinante clímax da trilha (e do filme). Este começa com Claw Trucks, que novamente é conduzida pelo ostinato do Divergente. É como se a já enérgica Dauntless Attack tomasse esteroides e ganhasse super-poderes. A potente melodia é conduzida por cordas, horn of doom e muita percussão. E, no entanto, ela é fichinha para a seguinte, Chapter Doof, que pega o ouvinte pelo pescoço e não o solta durante seus quase sete minutos de duração. Em meio a tanta violência, Holkenborg demonstra saber colocar ordem no caos, povoando a música com todos os temas apresentados na música até então, incluindo o de Immortan, o das noivas, o ostinato de ação, o ostinato de Divergente e a guitarra, chegando inclusive, num momento de pura excelência, a transferir a melodia das cordas para a guitarra. Duvido que algum outro compositor conseguirá superar a adrenalina criada pela música de Holkenborg neste ano. Essas duas faixas, porém, são separadas pela longa suíte Immortan, que, como o próprio nome diz, apresenta a versão mais completa do tema do vilão, aqui numa interpretação carregada de ameaça, perigo, dramatismo e arrogância. Ele é seguido pelo power anthem, como se o compositor quisesse contrapor os temas relacionados a heróis e vilões.

Walhalla Awaits, entretanto, encerra o ciclo de violência, com o power anthem em sua interpretação mais elegíaca, lembrando os momentos mais grandiosos de Gladiador ou Rei Arthur, ainda que de uma forma menos acústica do que a dessas duas (se é que isso é possível). Seguindo as consequências do clímax, My Name is Max traz o tema das mulheres em sua forma mais dramática. Let Them Up, porém, após tanta violência, traz um belo encerramento, com as cordas, madeiras, coro, horn of doom e a percussão numa melodia épica e mais otimista. Mary Jo Bassa e Coda encerram o disco com cordas melancólicas, a primeira trazendo o tema das moças em fuga.

A cada ano que passa, Junkie XL vem se firmando mais e mais no mundo dos blockbusters hollywoodianos. Seu estilo próprio para esse tipo de filme já está praticamente estabelecido e, como foi dito acima, ele não faz nenhuma inovação em sua trilha para Mad Max: Estrada da Fúria. Ao invés disso, ele simplesmente adaptou sua música para o estilo nervoso e alucinante do longa de Miller. É algo perigoso a se fazer, pois suas futuras trilhas correm o risco de se tornarem previsíveis. Holkenborg, aparentemente, tem se especializado cada vez mais em explosivos filmes de ação (ele tem pela frente o remake de Caçadores de Emoção e o aguardado Batman Vs. Superman: A Origem da Justiça, junto com seu mestre Zimmer) e, considerando seus scores até agora, já dá para ter uma ideia do que esperar para esses futuros trabalhos, ou seja, mais percussão, mais sintetizadores, mais horn of doom (afinal, o que esse pessoal da Remote Control tem contra os trompetes?).

Além disso, sendo este seu quinto filme hollywoodiano seguido, ele está começando a mostrar algumas limitações. Para começar, sua escrita para orquestra não tem nada de inventiva ou complexa, limitando-se, simplesmente, a incluir ostinatos para as cordas e notas explosivas e (supostamente) impactantes para os horn of doom, e, no filme, apesar de a trilha funcionar bem, algumas de suas descrições musicais são demasiadamente óbvias. Além disso, chega a ser triste ver um compositor novato tendo que, por “obrigação” ou por escolha artística, repetir diversos clichês estabelecidos da Música de Cinema atual, muitos deles nem mesmo inventados por ele.

Apesar de tudo, Holkenborg compensa essas limitações com empolgação, energia e fúria. O novo Mad Max é certamente uma das melhores trilhas já compostas por Holkenborg. Nem todos irão embarcar nessa jornada furiosa com o holandês, e aqueles que se arriscarem serão levados rumo ao insano universo de Max Rockatansky, numa viagem que pode ser sem volta.

Faixas:

1. Survive (Extended Version) 1:40
2. Escape (Extended Version) 3:28
3. Immortan’s Citadel (Extended Version) 8:58
4. Blood Bag (Extended Version) 3:39
5. Buzzards Arrive (Bonus Track) 1:26
6. Spikey Cars (Extended Version) 4:08
7. Storm Is Coming (Extended Version) 6:16
8. We Are Not Things (Extended Version) 1:42
9. Water (Extended Version) 6:25
10. The Rig (Extended Version) (Tom Holkenborg aka Junkie XL) 6:31
11. Into the Canyon (Bonus Track) 2:49
12. Brothers In Arms (Extended Version) 5:52
13. The Chase (Bonus Track) 3:16
14. Moving On (Bonus Track) 1:56
15. The Bog (Extended Version) 12:32
16. Redemption 1:45
17. Many Mothers (Extended Version) 8:58
18. The Return To Nowhere (Bonus Track) 5:17
19. Claw Trucks (Extended Version) 5:43
20. Immortan (Bonus Track) 11:10
21. Chapter Doof 6:49
22. Walhalla Awaits (Bonus Track) 2:40
23. My Name Is Max 2:23
24. Let Them Up 2:36
25. Mary Jo Bassa (Bonus Track) 2:26
26. Coda (Bonus Track) 4:43

Duração total: 125:08

Tiago Rangel

8 comentários sobre “Resenha de Trilha Sonora: MAD MAX – FURY ROAD (EXPANDED) – Junkie XL

  1. Essa trilha sonora é realmente alucinante. O filme sem dúvidas ganhou um “polimento” perfeito com o trabalho de XL.

    Apesar dos clichês citados foi uma experiência incrível ouvir esse score. Cheguei a ouvi-lo antes mesmo de assistir o filme e confesso que só aumentou as minhas expectativas sobre o resultado de remake do Miller.

    Filme excelente, trilha excelente. Resenha EXCELENTE!

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