Resenha: TEENAGE MUTANT NINJA TURTLES – Brian Tyler (Trilha Sonora)


Teenage_Mutant_Ninja_Turtles_ScoreMúsica composta por Brian Tyler
Selo: Atlantic Records
Catálogo: Download Digital
Lançamento: 05/08/2014
Cotação: ****

Criadas em 1984 por Kevin Eastman e Peter Laird para uma HQ underground violenta e relativamente obscura, as Tartarugas Ninja alcançaram fama mundial poucos anos depois, ao estrelarem desenhos animados, vídeogames e, é claro, filmes. Ao ver que a marca prosseguia forte mesmo quase trinta anos depois, graças a uma bem sucedida série animada da Nickelodeon, o produtor e diretor Michael Bay decidiu trazer os quelônios lutadores de volta aos cinemas, num longa comandado por Jonathan Liebesman.

O diretor, que já havia contado com Brian Tyler em No Cair da Noite, Manipulador de Cérebros e Invasão do Mundo: Batalha de Los Angeles, decidiu chamá-lo para ser o compositor do reboot das Tartarugas. Tyler, já uma referência para trilhas de ação, nos últimos anos vem melhorando e refinando seu estilo e, para As Tartarugas Ninja, ele entrega exatamente o que viemos a esperar dele: um score enérgico, divertido e escrito, orquestrado e interpretado de maneira primorosa, além de contar com um ótimo tema principal.

Como já é de costume nos álbuns de Tyler, o tema dos heróis é a primeira coisa que aparece no disco, em uma faixa intitulada com o nome do filme. Esse tema é dividido em três partes: a primeira são notas de suspense a cargo dos violoncelos, que lembra bastante um motivo recorrente no score de Batman – O Cavaleiro das Trevas. Porém, logo a música vai ganhando intensidade, na medida em que mais instrumentos são adicionados à orquestração, até chegar à parte principal do tema: uma melodia heroica, interpretada pelas trompas, com acompanhamento de cordas e percussão. Em seguida, o coral se junta à orquestração para a terceira e agitada parte, antes de uma reapresentação com orquestra e coro da parte principal. Esse tema pode ser considerado um irmão direto dos temas de Homem de Ferro 3 e Thor – O Mundo Sombrio, mas sem que pareça ser apenas um derivado deles.

Este tema voltará, na maioria das vezes, em interpretações grandiosas, pelas quais Tyler já se tornou conhecido, em faixas como Adolescent Genetically Altered Shinobi Terrapins, Rise of the Four e Cowabunga. Porém, é durante as faixas de ação que ele se integra perfeitamente às enérgicas melodias, adicionando o heroísmo tão necessário às trilhas de filmes de super-heróis, e, infelizmente, em falta hoje em dia. Shortcut é um ótimo exemplo disso: contando com complexas interpretações da sessão de metais (em particular os trompetes), as partes um, dois e três do tema das Tartarugas recebem execuções espetaculares, com orquestra e coral.

Aliás, mesmo num ano tão bom para as faixas de ação como tem sido 2014, o score de As Tartarugas Ninja consegue se destacar pela excelência destas. Além da já citada Shortcut, temos também a brilhante Splinter vs. Shredder, em que o destaque é o coral gigantesco, os metais explosivos de Turtles United, e a conclusiva Adrenaline. Em todas elas, Tyler flexiona seus músculos, e entrega algumas de suas melhores faixas de ação.

Mas não é só de ação que vive este disco. Em Origins a música varia entre momentos mais evocativos e de suspense. Já em Brotherhood o compositor entrega um motivo para os heróis grandioso e de pretensões épicas, com cordas, coro e percussão, em um estilo já conhecido em sua carreira. Para os vilões do filme, Tyler usa acordes ameaçadores, como em The Foot Clan, que conta com percussão (tanto a real quanto a eletrônica) para dar um tom primal à música. Já em Shredder, a música é consistentemente ameaçadora e repleta de suspense.

Infelizmente, como ocorre na maioria dos álbuns de Tyler, faixas não muito interessantes, como Shellacked e Project Reinaissance, aumentam a duração de maneira desnecessária. Tirando momentos como esse, o álbum poderia ser ainda mais eficiente. Mesmo assim, é válido notar que ao menos eles servem para contrabalançar com as faixas de maior adrenalina do disco.

O álbum chega à sua conclusão com Buck Buck, que inicia-se com notas graves no piano acompanhando as cordas, antes da música entrar em uma variação grandiosa do tema principal. Segue-se um momento mais tranquilo, que inclusive adiciona guitarra à orquestração, dando um ar moderno ao score, antes de finalizar com o tema principal. Em seguida, vem TMNT March, que reprisa de forma épica o tema das Tartarugas, com orquestra e coral.

Brian Tyler, nos últimos dois anos, vem entregando trilhas consistentes, que apenas provam seu talento. Não é exagero dizer que o score de As Tartarugas Ninja é um de seus melhores trabalhos recentes. O “mestre Splinter” de Tyler, Jerry Goldsmith, certamente ficaria orgulhoso do seu discípulo.

Faixas:

1. Teenage Mutant Ninja Turtles (04:45)
2. Adolescent Genetically Altered Shinobi Terrapins (04:31)
3. Splinter Vs. Shredder (06:25)
4. Origins (06:02)
5. Brotherhood (01:19)
6. Turtles United (04:10)
7. Rise Of The Four (03:34)
8. The Foot Clan (03:17)
9. Shellacked (06:47)
10. Project Renaissance (01:57)
11. Shortcut (04:41)
12. Shredder (05:59)
13. Cowabunga (04:35)
14. 99 Cheese Pizza (01:49)
15. Adrenaline (06:26)
16. Buck Buck (04:11)
17. TMNT March (02:07)

Duração: 72:35

Tiago Rangel

9 comentários sobre “Resenha: TEENAGE MUTANT NINJA TURTLES – Brian Tyler (Trilha Sonora)

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  2. Véi, que score gostoso de se ouvir. Scores de longa duração, geralmente são chatos, mas tem alguns que são obras-primas que não cansam o ouvinte de maneira alguma. Alguns scores antigos do Tyler me cansam um pouco (Controle Absoluto é um deles – não é ruim, mas tem umas partes que não me envolvem), mas este Tartarugas e Thor II, são otimos. Eles entram no meu rol de repetição continua.

    Brian Tyler, realmente, é um compositor que está me surpreendendo nos ultimos anos. Espero que ele evolua ainda mais a sua arte, e tomara que ele faça um excelente trabalho em Vingadores II.

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  3. Acabei de assistir ao filme. Ótima trilha do Tyler, pena que é um filme tão barulhento que as vezes (muitas vezes) encobre a música. Um momento em especial foi o duelo entre Splinter e o Destruidor. Bem na hora em que o coral cresce com bastante força (perto de 3 min da faixa) os efeitos fazem com que o coral praticamente desapareça no filme. Me deu uma dor no coração na hora kkkkk, fiquei imaginando como o próprio Tyler se sentiu assistindo. Claro que ele é acostumado com isso tendo composto música pra dezenas de filmes de ação.

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    • Reparei nisso também quando fui assistir ao filme, às vezes os efeitos sonoros e diálogo se sobrepunham à trilha sonora, tornando impossível ouvi-la. O que é uma pena, afinal, é um ótimo trabalho do Brian Tyler. Culpa de uma equipe de som medíocre, que não conseguiu encontrar um balanço ideal entre música, diálogos e SFX.

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  4. Valeu e muito curtir a trilha neste trabalho para o público jovem. Tyler mostra que compositor de peso não diferencia público e arregaça as mangas fazendo uma trilha a ser lembrada com tema forte e variações ao longo do filme que faz você ao terminar a projeção, separar um tempo para ouvir o score em sua intensidade.
    Por sorte vi no home theater abaixando o subwoofer que estava exagerado e pude curtir a trilha sem dificuldades.
    Um filme que vale a pena ter em casa tanto para adultos quanto para a garotada.
    Como já disse anteriormente pra mim, Brian Tyler será o novo Jerry Goldsmith, e ele está apenas no começo.

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