MAN OF STEEL
Produção: 2013
Duração: 143 min.
Direção: Zack Snyder
Elenco: Henry Cavill, Amy Adams, Michael Shannon, Russell Crowe, Kevin Costner, Diane Lane, Laurence Fishburne, Antje Traue, Ayelet Zurer, Christopher Meloni
Vídeo 2D: 2.40:1 (1080p/AVC MPEG-4)
Vídeo 3D: 2.40:1 (1080p/MVC MPEG-4)
Áudio: Inglês (DTS-HD Master Audio 7.1), Português, Espanhol, Francês, Chinês (Dolby Digital 5.1)
Legendas: Português, Inglês, Espanhol, Francês, Chinês
Região: A, B, C
Distribuidora: Warner
Discos: 2 (50GB)
Lançamento: 21/11/2013
Cotações: Som: ***** Imagem 2D: ***** Imagem 3D: ***½ Filme: **** Extras & Menus: *** Geral: ****
SINOPSE
O jovem Clark Kent aprende que tem superpoderes e que não é deste planeta. Já adulto, ele busca descobrir de onde veio e qual a razão para ter sido enviado a Terra. Mas o herói que existe nele deve surgir para que ele possa salvar o mundo da completa aniquilação e transformar-se em um símbolo de esperança para toda a humanidade.
COMENTÁRIOS
Tirando a recente trilogia BATMAN do diretor Christopher Nolan, a Warner não estava tendo sorte com as adaptações cinematográficas de personagens da DC Comics. O malsucedido SUPERMAN: O RETORNO (2006) aparentemente sepultara de vez a carreira do Kriptoniano nas telas, e a tentativa de recorrer a um super-herói fora da dobradinha Batman/Superman, com o mal escolhido LANTERNA VERDE (2011), beirou o desastre. Mas o estúdio, pressionado pelo estrondoso sucesso do universo cinemático da concorrente Marvel, resolveu apelar novamente para o mais tradicional dos heróis da DC, dessa vez atualizando-o para os tempos mais sombrios e menos ingênuos de hoje, como já fizera com o Morcego.
Assim, nada mais natural que apelar para os responsáveis pelo renascimento do Batman no século 21, Christopher Nolan e David S. Goyer. A dupla criou para O HOMEM DE AÇO (2013) um roteiro adequado à retomada contemporânea do mito de Kal-El (Henry Cavill, uma boa escolha e que busca afastar-se do “fantasma” de Christopher Reeve), enviado ainda bebê do condenado planeta Kripton para a Terra não só para sobreviver à destruição do seu mundo, mas também para tornar-se o guardião da humanidade. Para a direção foi escolhido Zack Snyder (300, WATCHMEN), que reconhecidamente entrega filmes de forte impacto visual – ainda que muitos torçam o nariz para suas marcas estilísticas.
Após o fracasso de público e crítica do autoral SUCKER PUNCH – MUNDO SURREAL (2011), havia grande expectativa para ver como Snyder se sairia no comando de um blockbuster no qual a Warner tanto apostava. Apesar de um resultado nas bilheterias que ficou aquém do esperado pelo estúdio (o longa faturou menos de U$ 700 milhões nas bilheterias mundiais), podemos dizer que, apesar de algumas falhas estruturais, O HOMEM DE AÇO e Snyder venceram o desafio com méritos. Para isso o diretor até abriu mão de parte de suas marcas registradas, como a alternância de tomadas em câmera lenta.
Talvez o fator mais complicado na produção seja que, ao contrário de Batman, Superman sempre foi basicamente um personagem bidimensional: a síntese do herói clássico, para quem não existe meio termo entre o bem e o mal. Assim, foi complicado inserir na trama elementos que aprofundassem o personagem e questionassem a sua essência, sendo o mais polêmico o fato de o Homem de Aço ser levado ao extremo de matar com suas próprias mãos – algo que nunca fora mostrado nas telas. Outra polêmica foi a contratação do compositor Hans Zimmer para criar a trilha sonora e que, obviamente, não utilizou nada dos temas que John Williams compôs para o clássico filme de 1978 (até porque eles diferem totalmente do seu estilo).
De resto, O HOMEM DE AÇO indiscutivelmente possui méritos para ser o melhor filme do personagem desde SUPERMAN: O FILME (1978) e SUPERMAN II (1980), dos quais, aliás, emprega boa parte de suas narrativas. Assim, nele vemos, muitas vezes de forma não-linear, o cientista Jor-El (Russell Crowe) enviando o bebê Kal-El para a Terra; a rebelião do General Zod (Michael Shannon); a condenação, juntamente com seus seguidores, de Zod à Zona Fantasma; a destruição de Kripton (que agora se assemelha a um mundo saído de AVATAR); a chegada de Kal El à Terra e seus primeiros anos com seus pais adotivos, o casal Kent (Kevin Costner e Diane Lane), em Smallville; a descoberta dos seus poderes; seu primeiro encontro com Lois Lane (Amy Adams); a chegada à Terra de Zod e suas forças; o grande confronto de Superman contra os vilões em Metrópolis; e por aí vai.
Claro que tudo isso é levado ao espectador com recursos narrativos adequados aos novos tempos – o filme inicia mostrando Clark como um andarilho, que vaga pelo mundo sem saber ao certo o que fazer com seus poderes, sem saber exatamente qual o seu propósito na Terra. As coisas mudam quando Clark usa anonimamente suas habilidades para salvar vidas, e posteriormente descobre uma antiga nave kriptoniana que finalmente lhe possibilitará ter acesso ao avatar de Jor-El e, por tabela, receber por completo sua herança alienígena.
Com uma trama centrada e fluída e sequências movimentadíssimas recheadas de efeitos visuais de ponta, O HOMEM DE AÇO se encerra com o protagonista em uma situação mais tradicional, e cria uma base mais sólida para a Warner/DC começar a construir seu novo universo dos quadrinhos. A continuação, que estreará em 2015, também marcará um novo reboot de Batman, já que nela o Homem de Aço encontrará (enfrentará?) ninguém menos que o Homem-Morcego, agora vivido por Ben Affleck. Como se vê, o estúdio não está disposto a evitar riscos e enfrentar polêmicas para pavimentar o caminho que poderá levar, daqui a alguns anos, ao tão aguardado filme da LIGA DA JUSTIÇA.
SOBRE O BD
O Blu-ray de O HOMEM DE AÇO chega ao nosso mercado em versão 2D simples, e neste combo 2D+3D com dois BDs, no qual o estojo plástico é envolto por uma luva lenticular. Em sua versão normal, a primorosa transferência 1080p/AVC MPEG-4, na proporção de tela 2.40:1, reproduz de forma fiel a concepção visual de Snyder. Rodado com uma combinação de câmeras 35mm e Red Epic, o longa traz uma fina e consistente camada de granulação do início ao fim. Os tons de cores da estilizada imagem são discretos, dando à aventura um tom mais sombrio e documental. De modo geral o nível de detalhes é elevado, permitindo que vejamos as mínimas nuances em edifícios, espaçonaves, veículos, rostos e vestuário, especialmente dos trajes kriptonianos. O contraste é elevado, a imagem é clara e os pretos são sólidos, preservando grande shadow detail.
O HOMEM DE AÇO não foi rodado em 3D e nem pensado para ser adaptado na pós-produção, e por isso mesmo esta pode ser considerada uma das melhores conversões recentes ao formato. Dispensável sim, mas a profundidade é convincente (em seus melhores momentos ninguém dirá que o filme não é 3D nativo). O realismo nas cenas iniciais em Kripton e no ataque a Metrópolis impressiona, porém o desfrute da experiência e dos detalhes do que vemos é prejudicado pela edição rápida (muitas vezes frenética). Ironicamente, constata-se que os embates muitas vezes caóticos entre kriptonianos se beneficiariam com as habituais tomadas em câmera lenta de Snyder, aqui completamente ausentes. O nível de detalhes é muito bom, porém em comparação com a transfer 2D é fácil notarmos a claridade e contraste menores. Por sua vez, temos uma experiência 3D natural, que se beneficia com a ausência (pelo menos até onde pude perceber) de subprodutos digitais como aliasing, crosstalk e ghosting.
Agora, se há algo neste Blu-ray de O HOMEM DE AÇO que realmente me impressionou, foi sua faixa original em inglês DTS-HD Master 7.1. Em um início até discreto, ouvimos os primeiros acordes do contemplativo tema de Hans Zimmer, porém não demora muito para que uma percussiva muralha de sons, um verdadeiro “tsunami sonoro”, avance em nossa direção. A potência da faixa é enriquecida por sua excepcional fidelidade, que permite ao ouvinte desfrutar cada nuance da música, cada palavra do diálogo, cada ruído em meio ao caos da ação. Os graves que nos chegam via subwoofer são cataclísmicos, colocando sua sala no centro da batalha de Metrópolis, dando grande peso à trilha sonora e aos efeitos. A atividade surround é intensa, desde a criação, com efeitos discretos, de um campo sonoro imersivo, até as cenas de ação onde espaçonaves, jatos e kriptonianos voam por todos os canais à sua volta. Esta faixa lossless para mim é, simplesmente, a melhor de 2013, e acho que meu vizinho do apartamento de cima irá concordar plenamente. Para quem se importa, também estão disponíveis dublagens Dolby Digital 5.1 em português, espanhol, francês e chinês – mesmas opções de legendas. Os menus principal (animado) e pop-up seguem o padrão simplista da Warner, estão apenas em inglês.
EXTRAS
O combo 2D+3D comercializado na América do Norte possui um disco exclusivo trazendo pela segunda vez o filme, agora interrompido por entrevistas e featurettes de bastidores (algo similar ao Maximum Movie Mode da Warner, porém sem a opção de não assistir esse material) e um falso (e pelo que consta, supérfluo) documentário de 17 minutos sobre Kripton, seus habitantes e tecnologia. Os magros extras que nos couberam, presentes no mesmo disco do filme 2D, são os seguintes (todos em HD 1080p e com opções de legendas em português):
- Strong Characters, Legendary Roles (26 min.) – Featurette centrado na adaptação de Superman e sua mitologia para o novo filme, em contraponto à história construída nos últimos 75 anos;
- All-Out Action (26 min.) – Neste segmento acompanhamos o rigoroso treinamento físico dos atores, as cenas de ação e dublês, e também vemos algo do desenho de produção e efeitos práticos;
- Krypton Decoded (7 min.) – O intérprete de Clark Kent aos 13 anos, Dylan Sprayberry, apresenta este featurette sobre os efeitos visuais da cena de abertura do filme;
- Superman 75th Anniversary Animated Short (2 min.) – Curta animado dirigido por Zack Snyder que celebra a evolução de Superman ao longo de mais de sete décadas, acompanhado ao fundo pelo célebre tema musical de John Williams;
- New Zealand: Home of Middle-Earth (7 min.) – Peça de marketing, erro do estagiário ou piada? A verdade é que este vídeo, que faz parte dos extras de O HOBBIT: UMA JORNADA INESPERADA e que, portanto, nada tem a ver com Superman ou o filme de Snyder, simplesmente foi jogado aqui.
Jorge Saldanha
Senhor Saldanha,
Ótimo texto, com destaque para o que afirmou de que o filme foi filmado em 35 mm, pois desde o que escreveu sobre Ben-Hur, sempre pensei se o filme não teria mais detalhes com películas 70 mm. Pergunta: queria comprar os BDs “Os Caça- Fantasmas” e “Coleção Rocky Lutador”, mas quem os comprou em uma certa loja náutica criticou na avaliação dos clientes que estes títulos NÃO tiveram transferências para o formato HD. Isso é verdade? pode se lançar um filme em BD sem que este esteja em HD?
Última: tem duas versões de “Tubarão” e “ET o Extraterrestre” em Blu-ray. Uma de cada um diz ter DOIS discos. O que é o disco 2? é os extras a parte ou os DVDs com Cópias Digitais?
Abraços e, desde já, Feliz Natal!!!
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Como dito no texto, O Homem de Aço foi rodado mesclando filme em 35mm e vídeo UHD 4K. Eventualmente alguma cena aparenta ser mais “soft” que outras, mas não saberia dizer se foram as rodadas com câmeras Red Epic (UHD). De qualquer maneira, a diferença é tão negligível que não diminuiu a nota máxima da avaliação. Quanto aos BDs de Os Caçafantasmas e Rocky à venda do Brasil, há um certo exagero: suas transfers foram feitas sim a partir de fontes HD (2K), porém datadas e com a aplicação de filtros digitais – hoje o padrão das master utilizadas é 4K. Os Caçafantasmas ganhou esse ano uma remaster 4K, porém não foi lançado por aqui. Quanto aos BDs duplos de Tubarão e ET, o 2º disco traz o filme em DVD e cópia digital, o que aliás é informado em nossas respectivas resenhas.
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Eu particularmente não gostei desse novo Superman, na verdade não é um filme do Superman e sim do “Homem de aço”, nitidamente foi um filme feito para a geração matrix ou transformers, com muita luta aonde não se entende nada, perdeu o romantismo do que é o Superman, absurdamente tiraram a música clássica que é parte integrante da composição do personagem, enfim achei um filme ruim e chato. Achei Wolverine Imortal bem melhor por exemplo.
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Ilustre Jorge Saldanha, eis uma ótima resenha para um ótimo filme, aviso apenas que no quinto parágrafo há uma pequena confusão onde estrá escrito: “Assim, nele vemos, muitas vezes de forma não-linear, o cientista Kal-El (Russell Crowe) enviando o bebê Jor-El para a Terra;” na verdade o cientista é Jor-El e o bebê Kal-El, no mais, de vez em quando passo por aqui pra verificar as resenhas que são bem escritas e informativas, continuem com o bom trabalho.
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Hahahaha! No meu comentário também: ” onde estrá escrito” não, e sim “onde está escrito”. Sendo conhecedor do personagem e cinéfilo, acredito que o pequeno lapso no texto são daqueles que pensamos correto e teclamos diferente, fica na paz.
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Obrigado Daniel, já corrigimos.
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Grande filme e finalmente o mundo viu do que o Superman é capaz, pois toda aquela pancadaria e destruição não é coisa do sr Snyder pra agradar geração video game, isso sempre teve nos quadrinhos, basta ler a HQ A morte do Superman, dos anos 90 por exemplo. Quando deuses começam um combate, quem vai separar?
Imagine a Mulher Maravilha enfezada no meio dessa bronca… Metropolis ia virar estacionamento.
O único defeito no filme pra foi a repercussão das ações do supinho, acho que issodeve ser trabalhado no proximo filme.
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