Nascido em 18 de abril de1907 em Budapeste, Hungria, Miklós Rózsa, um dos gigantes musicais da Era de Ouro de Hollywood, começou a estudar violino aos cinco anos de idade. Desde cedo mostrou predileção pela música folclórica de seu país, uma influência que persistiu em muitos dos seus trabalhos posteriores. Mesmo com a insistência de seus pais para que estudasse química, em breve Rózsa estaria no Conservatório de Leipzig, cursando musicologia. Apesar de direcionar a maioria de seus primeiros trabalhos para a música clássica, tendo inclusive completado um balé com pouco mais de vinte anos de idade, Rózsa compôs as partituras dos filmes britânicos “The Squeaker” e “Knight Without Armour” (ambos em 1937) para ganhar algum dinheiro. Pouco tempo depois, o seu trabalho com os compatriotas e cineastas Zoltan e Alexander Korda lhe trariam fama mundial e muitas oportunidades.
Rózsa provou ser um artista capaz e visionário, e foi escolhido para compor a música de “O Ladrão de Bagdá” (1940), dirigido pelos não-creditados Kordas. A partitura exótica e sensual consagrou Rózsa como um compositor dinâmico e criativo, e foi a sua introdução ao cinema americano, uma mídia na qual ele trabalharia proficuamente por mais de 40 anos. Sendo versátil e confiável, Rózsa sempre foi capaz de criar uma trilha apropriada e memorável para filmes de gêneros tão diversos como romance (“That Hamilton Woman” 1941), comédia (“A Costela de Adão” 1949), grandes épicos (“Rei dos Reis”, 1961), e filmes noir (“Cidade Nua”, 1948).
Rózsa iniciou sua lendária associação com o diretor Billy Wilder com a aventura de 1943 “Five Graves to Cairo.” Em seguida veio a inesquecível trilha do clássico noir “Double Indemnity.” Para o aclamado drama de 1945, “Farrapo Humano,” Rózsa com maestria usou o theremin, instrumento eletrônico com um incomparável e sinistro som, a fim de acompanhar as alucinações do alcoólatra Ray Milland. Outras parcerias com Wilder incluem “A Vida Secreta de Sherlock Holmes” (1970), no qual Holmes interpreta o Concerto para Violino do compositor, e “Fedora” (1978), no qual a partitura de Rózsa sofreu com a edição ruim de um filme perfeitamente esquecível. O dinâmico trabalho de Rózsa em “The Killers” (1946) faria época – o compositor criou um tema recorrente que anunciava os assassinos, que vagarosamente transformava-se no som da porta de uma cela fechando-se, ilustrando assim o destino dos vilões. Esta música posteriormente seria adaptada para o tema da série de TV “Dragnet.”
Igualmente siginificativa, porém mais curta, foi a associação de Rózsa com o diretor John Huston (“O Segredos das Jóias”, 1950). Com muito pouca música (na verdade, somente no início e no fim do filme), esta partitura capturou o som do desespero urbano. O drama de prisão de 1947 “Brute Force” teve muito mais impacto graças à sua evocativa trilha sonora, que emoldurava a ação do filme.
O clássico de Hitchcock “Quando Fala o Coração” (“Spellbound”, 1945) deu a Rózsa a oportunidade de criar uma de suas mais estupendas obras, e merecidamente conquistou seu primeiro Oscar. Ele reprisou o prêmio máximo da Academia com “A Double Life” (1947), de George Cukor. Igualmente memorável foi seu trabalho em dramas épicos, como “Julius Caesar” (1953), na também oscarizada partitura de “Ben-Hur” (1959), e “El Cid” (1961). Rózsa acabou por tornar-se um estudioso do período histórico em que tais filmes se passavam, fazendo meticulosas pesquisas da música e dos instrumentos da época, de modo a refletir de modo acurado os personagens e os assuntos abordados (um exemplo perfeito é “Ivanhoé, O Vingador do Rei”, de 1952).
Entre os grandes trabalhos posteriores de Rózsa estão a fantástica “A Nova Viagem de Simbad” (1973), a cativante trilha para o filme de Alan Resnais “Providence” (1977), sua romântica música para “Um Século em 43 Minutos”, de Nicholas Meyer (1979), e sua última obra, “Cliente Morto Não Paga” (1982), cuja música é uma bela evocação aos filmes noir para os quais compusera. Rózsa faleceu em 27 de julho de 1995, no Good Samaritan Hospital de Los Angeles, aos 88 anos de idade.
Filmografia de Miklos Rosza, cortesia de Internet Movie Database
Jorge Saldanha
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