Resenha: Coleção MAD MAX (Blu-ray)


mad-max-BDProdução: 1979, 1981, 1985
Duração: 292 min.
Direção: George Miller, George Ogilvie
Elenco: Mel Gibson, Joanne Samuel, Hugh Keays, Bynue, Vernon Wells, Emil Minty, Kjell Nilsson, Virginia Hey, Tina Turner, Helen Buray, Bruce Spence
Vídeo: 2.40:1 (1080p/AVC MPEG-4)
Áudio: Inglês (DTS-HD Master Audio 5.1, Dolby Digital 5.1), Português, Francês (Dolby Digital 2.0), Russo, Espanhol (Dolby Digital 5.1), etc.
Legendas: Português, Inglês, Espanhol, Francês, Russo, etc.
Região: A, B, C
Distribuidora: Warner
Discos: 3 (50GB)
Lançamento: 01/08/2013
Cotações: Som: ***½ Imagem: ***½ Filme: **** Extras & Menus: **½ Geral: ***½ 

SINOPSE
MAD MAX (1979) – Em um futuro próximo, a sociedade está desmoronando e as estradas são dominadas por gangues de motociclistas selvagens. Aterrorizando civis inocentes enquanto rasgam as ruas, eles ignoram as forças policiais que tentam detê-los. Mas quando os motociclistas atacam violentamente o melhor amigo e a família do policial Max Rockatansky (Mel Gibson), eles o deixam com um único propósito para viver – vingar-se a bordo de seu V-8 turbinado.

MAD MAX 2: A CAÇADA CONTINUA (1981) – Após a guerra nuclear que terminou de destruir a sociedade em degradação, Max (Mel Gibson), em companhia apenas de seu cão, dirige o último dos interceptadores V-8 pelas estradas que cortam o outback australiano, em uma infindável busca por gasolina. Aliando-se a um grupo de sobreviventes que quer fugir do deserto rumo ao litoral, Max terá de enfrentar as bárbaras hordas motorizadas de Lorde Humungus (Kjell Nilsson).

MAD MAX 3: ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO (1985) – Pego em meio a uma disputa de poder em Bartertown, Max (Mel Gibson) desafia a líder local, Tia Entity (Tina Turner), e é colocado na Cúpula do Trovão para lutar até a morte contra o gigante Blaster. Max sobrevive e é enviado para o deserto, para morrer. Ele é salvo por uma tribo de crianças perdidas, mas para retribuir-lhes o herói terá de mais uma vez enfrentar Entity e sua gangue.

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COMENTÁRIOS
Entre os anos 1970 e 1980, vários filmes redefiniram o gênero de ação, e MAD MAX (1979), uma barata produção independente australiana, foi um deles. Dirigido por George Miller, que anos depois faria carreira no cinemão com filmes tão diversos como AS BRUXAS DE EASTWICK (1987), O ÓLEO DE LORENZO (1992), BABE – O PORQUINHO ATRAPALHADO (1995) e HAPPY FEET – O PINGUIM (2006), MAD MAX insere a temática da justiça pelas próprias mãos, tão em voga no período, em um futuro próximo. É uma produção claramente de baixo orçamento, porém bem estruturada e com cenas de perseguições automobilísticas então sem precedentes. O tom cru da narrativa, pontuado pela por vezes exageradamente rascante, por outras totalmente antiquada trilha sonora do falecido Brian May, gerou à época grande impacto nas plateias, que não tinham dúvida de estar frente a um filme de ação incomum e com um jovem protagonista promissor – Mel Gibson.

Após ter sua distribuição internacional garantida, MAD MAX fez grande sucesso, o que levou a uma continuação lançada em 1981, MAD MAX 2: A CAÇADA CONTINUA, a obra-prima da colaboração Miller/Gibson que inaugurou um subgênero muitíssimo imitado e nunca igualado: o dos filmes de ação ambientados em um distópico mundo pós-apocalíptico. Como MAD MAX fizera mais sucesso em outros países do que nos EUA, MAD MAX 2 foi lançado naquele mercado com o título de THE ROAD WARRIOR (O Guerreiro das Estradas). Seja por isso ou por suas qualidades intrínsecas, o filme fez muito mais sucesso que seu antecessor, lançando os fundamentos para as carreiras hollywoodianas tanto de Miller como de seu astro, Mel Gibson. Esta continuação supera em todos os aspectos o original, inclusive na violência, e algumas de suas façanhas com dublês até hoje não foram igualadas. Como bem salienta o crítico de cinema Leonard Maltin, MAD MAX 2 é basicamente uma incansável perseguição, que culmina na antológica caçada ao caminhão tanque dirigido por Max, que dura 13 minutos. A trilha sonora é novamente de Brian May, porém dessa vez ela é bem melhor acabada, mais ritmada e épica, impulsionando a ação em alta velocidade e dela tornando-se parte indissociável.

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De olho no mercado norte-americano, a segunda, mais fraca e menos violenta continuação, MAD MAX 3: ALÉM DA CÚPULA DO TROVÃO (1985) coloca Gibson dividindo o estrelato com a veterana cantora pop Tina Turner, que se sai bem como a vilã. Mantendo o visual pós-apocalíptico consagrado em MAD MAX 2, o filme é bem melhor em seu terço inicial, que culmina no antológico combate na Cúpula do Trovão. No entanto, após Max ser abandonado no deserto e ser encontrado pelo grupo de crianças e adolescentes abandonados em um oásis, o longa sofre uma brutal quebra de ritmo e ganha ares “spielberguianos”, com a ação retornando apenas em seu segmento final, onde Miller (que delegou parte da direção a George Ogilvie) tenta sem sucesso recriar a perseguição final de MAD MAX 2. Hoje este terceiro MAD MAX, onde na trilha sonora Brian May foi substituído pelo oscarizado compositor francês Maurice Jarre, é mais lembrado pela canção dos seus créditos finais “We Don’t Need Another Hero”, cantada por Tina Turner.

Após o resultado morno de MAD MAX 3, quase vinte anos se passaram e a franquia parecia tão extinta como o mundo do futuro. No entanto, Miller já encerrou as filmagens de um quarto filme, MAD MAX: FURY ROAD, que em 2014 chegará às telas mundiais, dessa vez trazendo Tom Hardy como Max e Charlize Theron como a Imperatriz Furiosa.

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SOBRE O BD
No Brasil a trilogia MAD MAX, até agora, estava disponível apenas em DVD, sendo que apenas o primeiro filme possuía uma edição aceitável. Já nos EUA e Europa, os dois primeiros filmes já haviam sido lançados individualmente em Blu-ray, com boa qualidade técnica. Este ano foi lançado por lá um box com a trilogia completa em alta definição, e felizmente essa foi a deixa para que também recebêssemos a nossa edição. Ela, contudo, é a que possui apresentação mais pobre: no lugar da “marmita” estadunidense ou da “lata de gasolina” europeia, recebemos apenas um estojo Amaray com bandeja central para dois discos, envolto em uma luva metalizada O-Ring. As qualidades técnicas dos três discos, no entanto, praticamente se equivalem, sendo que a nossa trilogia é espelho da europeia, que tem opções de legendas e dublagens em PT-BR em todos os filmes.

Os três longas receberam transferências anamórficas 1080p/AVC MPEG-4, mantendo a proporção de tela original de 2.40:1, e até onde percebi, livres de qualquer artefato digital. Pelos comentários que li, a transfer de MAD MAX é a mesma empregada no BD individual lançado nos EUA pela MGM, e das três é a que mais reflete as limitações originais da fonte. Foi o primeiro longa australiano rodado com câmaras anamórficas, e pelo que consta o estoque de filme empregado não era dos melhores. Com granulação presente mas não-intrusiva, o nível de detalhes é muito bom, ainda que por vezes pareça ter sido suavizado por DNR. O contraste é bom e os pretos são fortes, trazendo bom detalhamento de sombras. As cores, por outro lado, muitas vezes parecem desbotadas, e alguns danos de película (inclusive algumas manchas levemente amareladas) eventualmente são perceptíveis. Apesar de não serem fatores de distração, comprovam que uma restauração completa, ou pelo menos uma nova remasterização, seria recomendável.

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Já MAD MAX 2 recebeu uma nova transferência que, comparada com a do BD anterior europeu, que eu possuía, mostra vantagens. Também com granulação natural, porém com bem menos danos de película e ausência de filtros digitais, a imagem é quase o tempo todo ricamente detalhada, com um contraste vívido, pretos fortes e estáveis e cores perfeitamente saturadas. Por fim MAD MAX 3, até por ser o título mais novo da trilogia, é o que apresenta a apresentação visual mais satisfatória. Danos de película são praticamente imperceptíveis, os pretos são sólidos, e as cores são perfeitamente reproduzidas. Os níveis de detalhes são elevados e a imagem é clara, ostentando um ótimo contraste. No entanto, dos três filmes foi o que mais me pareceu granulado, o que poderá incomodar aos adeptos das imagens digitais “lisas”. Adicionalmente, em algumas cenas noturnas, há certa perda de resolução, mas felizmente são momentos esparsos e fugazes.

No que se refere ao som, MAD MAX sem dúvida é o mais controverso. Quando do seu lançamento cinematográfico no mercado norte-americano, o áudio original do filme foi dublado por outros atores para eliminar o sotaque australiano e, se não me falha a memória, assim foi exibido nos cinemas brasileiros. Tanto no DVD como no BD foram incluídas as duas faixas em inglês, australiana e dublagem norte-americana, sendo que em nossa edição, assim como na europeia, esta última foi mixada em DTS-HD Master Audio 5.1. Curiosamente nos EUA ocorreu o contrário, com o inglês original australiano ganhando áudio lossless (que seria a melhor opção também para nós). Em nosso BD, a faixa DTS-HD MA é mais encorpada, com efeitos direcionais um pouco mais perceptíveis. No entanto, ambas são basicamente faixas mono remixadas em estéreo, com o palco sonoro predominantemente nas caixas frontais e graves de presença discreta. Agora, algo que me intriga: a informação oficial é que Mel Gibson também foi dublado na faixa norte-americana, porém alternando entre as duas posso jurar que é a voz dele que ouço em ambas. Acentua o mistério o fato que, até hoje, não se sabe o nome do ator que teria dublado Gibson.

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As faixas lossless em inglês dos outros dois filmes, que não foram dublados nos EUA, são mais dinâmicas, ainda que permaneçam presentes na maior parte do tempo nos canais dianteiros. Em MAD MAX 2 a memorável trilha musical ganha corpo, presença e fidelidade. Especialmente em MAD MAX 3 o som é mais limpo, claro, onde detalhes de sons são mais perceptíveis. Em ambas os graves são bons, ainda que longe do padrão das explosivas mixagens de ação contemporâneas. Além das opções em inglês, os três filmes possuem várias opções de áudio e legendas, que incluem o nosso português (no caso das dublagens elas são as originais da TV, em Dolby Digital 1.0). Os menus principais (estáticos) e pop up estão apenas em inglês.

EXTRAS
Em relação à lata norte-americana, que já é anêmica de extras, a nossa edição perdeu ainda mais conteúdo (uma faixa de comentários em áudio, um featurette de 26 min. e um de dois trailers), que corresponde ao disco do primeiro filme, que nos EUA é de propriedade da MGM. Assim, ficamos apenas com:

Disco 1 – MAD MAX

  • Trailer (HD, 3:07 min.) – Restou-nos neste disco apenas um trailer, com tela 4×3 e qualidade ruim de imagem. E não tem legendas.

Disco 2 – MAD MAX 2 – Este disco reproduz os suplementos das edições estrangeiras:

  • Comentários em áudio – O diretor George Miller e seu diretor de fotografia Dean Semler discutem vários aspectos da produção, comentam as escolhas do elenco, relembram fatos engraçados e analisam várias cenas. É uma faixa muito boa, que infelizmente sera inacessível para a maioria já que não foi legendada;
  • Introdução (SD, 4 min) – O crítico de cinema Leonard Maltin nos passa algumas rápidas informações sobre o filme original, o lançamento norte-americano de sua continuação e a razão mercadológica para a troca do título. Com legendas.
  • Trailer (SD, 2:31 min.) – Mais um trailer sem legendas, com qualidade de imagem medíocre.

Disco 3 – MAD MAX 3

  • Trailer (SD, 1:39 min.) – Aqui apenas um trailer, sem nem mesmo um clipe musical de “We Don’t Need Another Hero”.

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Jorge Saldanha

11 comentários sobre “Resenha: Coleção MAD MAX (Blu-ray)

  1. Dos três, o último é o mais fraco como filme, realmente. E até hoje não vi nada que chegue perto do segundo, tanto em termos de técnica, como de estética.

    E a cena da perseguição ao caminhão me arrepia toda vez que vejo.

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  2. Excelente resenha, senhor Saldanha, nesta semana em que me desfiz de vários pertences, incluindo o LP com a trilha de Mad Max 2.
    Mas para mim o aspecto mais positivo desta caixa para mim é que não esperaram pelo quarto filme, pois estou com um medo terrível de que façam bobagem. Mas eis que me lembro de que o novo não nos priva dos antigos
    Agora, adivinha: perguntas!
    Quem poderia lançar-nos a trilogia Anjos Rebeldes (The Prophecy) em BD aqui no BR?

    Um abraço e sucesso!

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    • A coleção Anjos Rebeldes foi lançada em BD nos EUA pela independente Echo Bridge, portanto se sair algum dia no Brasil vai ser por uma distribuidora tipo Continental, Imagem, Swen, ou seja…

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  3. Acho o primeiro Mad Max superior as suas continuações. Pelo simples fato de ter sido uma produção independente e fugir do estereótipo hollywoodiano. Mad Max é um filme cru e agressivo, não envelheceu em nada ao passar dos 34 anos.

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  4. Parabéns pela ótima resenha. Mad Max ainda continua a ser um ícone dos filmes de ação e um item obrigatório em qualquer coleção. Agora uma dúvida: o crédito de abertura com o título Mad Max 2 é a original ou foi acrescentada para o lançamento em BD? Abs.

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    • O tíitulo nos créditos de abertura do 2º filme é o original australiano, Mad Max 2. Como consta na resenha, The Road Warrior é o título apenas do mercado norte-americano.

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  5. Eu sei que a maioria prefere o 2, mas para mim, o 3 é muito mais interessante. Além de ser um mundo mais caótico ainda, é como se as tribos fossem já formando suas culturas, como na pré-história. Repararam como as crianças contam de forma lendária como elas foram parar naquele vale? O rádiocomunicador, o avião, o comandante Walker, tudo é contado de forma vaga, distante e mágica, assim como tribos primitivas contam os seus mitos de criação… ao mostrar o desenho de uma explosão nuclear, dizem que é o “fim que ser princípio”. E no final então quando de avião, vão para uma terra desconhecida e passam a acender algumas lâmpadas na esperança de que os que ficaram para trás os encontrem um dia. Dos três, só acho chato o primeiro.

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  7. Nessa madrugada (15/05/2015) assisti uma versão remasterizada e dublada no canal HBO. Curiosamente, não era o Newton da Matta dublando Mel Gibson, que fez a voz dele nas dublagens originais dos dois primeiros filmes da trilogia. Era a voz do grande Júlio Chaves, que é conhecido como a voz oficial de Mel Gibson em português. Se possível, gostaria de saber qual a versão de BD que tem essa nova dublagem. Obrigada.

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