Resenha: O NEVOEIRO (Blu-ray)


Título Original: The Mist
Produção: 2007
Duração: 126 min.
Direção: Frank Darabont
Elenco: Thomas Jane, Marcia Gay Harden, Laurie Holden, Andre Braugher, Toby Jones, William Sadler, Nathan Gamble
Vídeo: Widescreen Anamórfico 1.85:1 (1080p/VC-1)
Áudio: Inglês (Dolby Digital 5.1), Português (Dolby Digital 5.1)
Legendas: Português, Inglês
Região: A, B, C
Distribuidora: Paris
Discos: 1
Lançamento: 20/11/2009
Cotações: Som: ***½ Imagem: **** Filme: ****½ Extras & Menus: ZEROGeral: ***

SINOPSE
Depois que uma violenta tempestade devasta o Maine, David Drayton – um artista local que cria cartazes de filmes – e seu filho de 8 anos correm para o mercado, antes que os suprimentos se esgotem. Porém, um estranho nevoeiro toma conta da cidade, deixando David e um grupo de pessoas presas no mercado – entre elas um cético forasteiro e uma fanática religiosa. David logo descobre que o nevoeiro esconde algo monstruoso e que sair do mercado pode ser fatal. Mas conforme o grupo tenta desvendar o mistério, o caos se instala e fica evidente que as pessoas dentro do mercado podem tornar-se tão ameaçadoras quanto as criaturas do lado de fora. 

COMENTÁRIOS
O diretor e roteirista Frank Darabont, com UM SONHO DE LIBERDADE e À ESPERA DE UM MILAGRE, comprovou ser um dos melhores adaptadores de obras do escritor Stephen King para as telas. No entanto, ainda faltava a Darabont a experiência de lidar com o material que tornou King célebre – seus livros e contos de horror / ficção científica. A oportunidade chegou em 2007 quando Darabont escreveu e dirigiu O NEVOEIRO, e adivinhe – o filme acabou sendo a melhor adaptação de Darabont de uma obra do escritor, combinando os inevitáveis sustos com uma trama solidamente escrita e ajustada, que discute a essência da natureza humana.

No interior do mercado onde as pessoas se refugiam para escapar das indizíveis criaturas que se ocultam na névoa, temos um microcosmo social norte-americano, mas que também se presta para a análise mais ampla dos defeitos e virtudes da humanidade. De um lado temos Drayton (Thomas Jane), o sujeito decente, pai de família, capaz de qualquer sacrifício para proteger seu filho e, porque não, todos os refugiados; do outro, a beata Carmody (Marcia Gay Harden), que usa sua pregação eloquente sobre o Fim dos Tempos – que, como seria de se esperar, carrega o que de pior pode haver em matéria de intolerância e preconceito – para conquistar a parcela mais desesperada do grupo. É a estes dois personagens que cabe a tarefa de tocar o filme, e felizmente seus intérpretes, Jane e Harden, estão simplesmente excelentes nos papéis.

O filme gasta pouco tempo em sua introdução, e logo estamos dentro do mercado cercado pelo nevoeiro. É ali que, sem abrir mão de horripilantes criaturas de computação gráfica que parecem saídas dos livros de H. P. Lovecraft, Darabont cria monstros humanos tão ou mais assustadores que aquelas. É interessante notar que O NEVOEIRO presta tributo aos clássicos filmes de ficção científica dos anos 1950, além de empregar elementos de dois dos melhores filmes de John Carpenter, A BRUMA ASSASSINA e O ENIGMA DE OUTRO MUNDO (este homenageado no início do filme, quando vemos seu pôster entre as pinturas de Drayton). Mas se o filme se revela acima da média até seu final, é ali que ele passa para uma categoria bem superior. Darabont não teve medo de alterar o final do texto de King, criando para seu filme um desfecho cruel totalmente anti-Hollywoodiano. Palmas para a coragem do diretor.

SOBRE O BD
Os direitos de distribuição no Brasil de O NEVOEIRO pertencem à Paris Filmes, que lamentavelmente tratou de deixar o filme longe de boa parte dos nossos cinemas (pelo jeito seu final polêmico o classificou como “não-comercial”). Lançou-o em DVD em 2008, e finalmente no final de 2009 colocou o título no seu primeiro pacote de Blu-rays lançado por aqui. Como os demais BDs da distribuidora, também o de O NEVOEIRO tem suas precariedades. Ao ser colocado no reprodutor, o filme inicia diretamente após o carregamento do disco, o que faz com que o menu pop-up tenha de ser acionado às pressas para a configuração de áudio e legendas. Ao final do filme não somos levados a qualquer tipo de menu, e o filme recomeça desde seu início.

Quanto ao som, no lugar de pelo menos uma faixa de áudio em alta definição, temos áudio em inglês e português apenas em Dolby Digital 5.1 convencional (640kbps). Uma pena, já que o filme possui um sound design interessante, envolvente, que seria valorizado sobremaneira se tivéssemos a opção de áudio em inglês Dolby TrueHD 5.1 disponível no BD norte-americano. Menos mal que as faixas DD 5.1 são muito boas, reproduzindo com clareza diálogos e o sombrio score de Mark Isham, além de criar discretos, porém efetivos, efeitos surround. As legendas também estão disponíveis em português e inglês.

Falando na edição norte-americana, é bom destacar que ela contém duas versões do filme – uma em preto e branco, que foi muito elogiada por criar um visual mais atmosférico e clássico, e a colorida, que foi exibida nos cinemas de lá. Esta é a única versão incluída no Blu-ray da Paris, em uma transferência anamórfica 1080p/VC-1, na proporção original 1.85:1. Ela reproduz muito bem as cores vivas e brilhantes do início do filme, e quando passamos para o mercado os tons ficam menos saturados, naturais. O nível de detalhe também é muito bom, apenas o preto poderia mais ser forte, já que favorece mais os tons cinza escuros e azulados. Há granulação em toda a imagem, ainda que mais facilmente notada nas cenas escuras. As sequências onde os personagens aparecem envolvidos pelo nevoeiro poderiam ser mais problemáticas, porém mesmo nelas não notei maiores problemas. Trata-se, portanto, de uma transfer HD de qualidade, ainda que não de destaque.

EXTRAS
Nota ZERO neste item. A Paris simplesmente eliminou de nosso Blu-ray os extras do DVD que lançou aqui, e nem replicou os do BD norte-americano, que não são poucos: comentários em áudio de Frank Darabont, Making Of de 38 minutos, quatro featurettes, cenas eliminadas e trailers do filme. Este é o caso clássico de um excelente filme que teve o azar de cair nas mãos de uma distribuidora que o lançou em um BD básico, para dizer o mínimo. Lamentável.

Jorge Saldanha

10 comentários sobre “Resenha: O NEVOEIRO (Blu-ray)

  1. Excelente filme, agonia, duvida e arrependimento, sao sentimentos mais que presentes neste filme. Otima sequencia, mostra o momento em que as pessoas ordinarias perdem o controle emocional e sao tomadas pela duvida e ignorancia. Vale a pena ver.
    Abs,
    Frederico

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    • Claudino, apesar da falta de maiores detalhes creio que você se refere à canção “The Host of Seraphim”, composta por Lisa Gerrard e Brendan Perry, interpretada por Dead Can Dance.

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  4. Olá Jorge! Comprei esse BD agora em 2013, acredito que dei sorte pois parece que ele saiu de catálogo. Como não domino o inglês fluente, tive que me contentar com esse lançamento basicão da Paris. Só que gostei demais do filme e fiquei doido quando vi a boa quantidade de extras presentes nos BDs americano e inglês. Como o BD inglês deve ser travado região B, estou com muita vontade de pegar o americano para poder curtir todos esses extras, além da versão em preto e branco. Agora a minha dúvida pela qual recorro a vossa ajuda: por acaso você saberia dizer se os extras do BD americano estão legendados? Grande abraço!

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    • Olá Eduardo, o que sei do BD norte-americano de O Nevoeiro é o que consta em sites internacionais, que omitem informações quanto legendas nos extras. Se tiverem (o que não acredito), serão apenas em inglês. O filme tem legendas em inglês e espanhol.

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